Ana Carolina Gama.
10/06/2025
Apple Intelligence: a IA da Apple expande capacidades
A Apple abriu sua WWDC 2025 com uma série de atualizações voltadas não apenas para usuários finais, mas, principalmente, para desenvolvedores e profissionais de tecnologia. A proposta é clara: reposicionar o Apple Intelligence como parte estruturante da experiência digital, com novos recursos que conectam interface, privacidade e inteligência local.
A grande novidade: A abertura do modelo de linguagem embarcado no próprio dispositivo para que desenvolvedores criem aplicações personalizadas, mesmo offline. A Apple dá sinais de que pretende transformar IA embarcada em infraestrutura e não apenas funcionalidade.
Uma nova abordagem
Uma das mudanças mais visíveis é o novo sistema visual batizado internamente como Vidro Líquido. Ele introduz elementos translúcidos e interativos inspirados no visionOS, com capacidade de adaptação ao movimento e aos modos escuro e claro.
Botões, barras laterais e menus ganham um comportamento mais responsivo, reforçando a integração entre design e contexto de uso. A mudança será sentida não apenas pelos usuários finais, mas também por quem desenvolve soluções para os ecossistemas da Apple, já que novas APIs já estão disponíveis para adaptação dos apps.
IA embutida como estrutura
Ao contrário da maioria das soluções de IA que dependem da nuvem, o Apple Intelligence passa a operar com mais autonomia no dispositivo. Isso permite que modelos de linguagem rodem offline com proteção total de dados, algo que a Apple reforça como seu diferencial competitivo.
Com essa infraestrutura, os desenvolvedores passam a ter acesso ao modelo de base, permitindo experiências inteligentes customizadas dentro dos seus próprios apps, inclusive com sugestões baseadas no comportamento e uso individual. A expectativa é de que isso gere uma nova onda de produtos otimizados por IA, com baixa latência e zero dependência de servidores externos.
Apple Intelligence mais acessível e conectado
O sistema recebeu novos recursos que ampliam sua utilidade:
- Tradução em tempo real em chamadas de voz, mensagens e FaceTime, rodando localmente
- Reconhecimento visual integrado ao sistema, com sugestões contextuais (como adicionar eventos ao calendário ao visualizar convites)
- Suporte expandido para mais oito idiomas, incluindo o português de Portugal
- Recursos visuais de geração de imagem dentro do Image Playground, agora com suporte ao ChatGPT para criação assistida
Além disso, funções como triagem de chamadas, personalização de mensagens e o uso do Apple Pay com inteligência preditiva mostram que o foco é trazer a IA para todos os pontos de contato com o sistema.
Ferramentas para quem desenvolve
Na área de desenvolvimento, o Xcode ganha capacidade generativa. Os recursos agora ajudam na escrita de código, testes e depuração automatizada. A proposta é oferecer mais produtividade, especialmente em projetos com base em dados, interação por linguagem natural e automações.
A integração com outros modelos (como o próprio ChatGPT) amplia as possibilidades de uso, sem sacrificar o ambiente seguro e local.
O que isso significa para o mercado?
A Apple não está tentando competir em volume de funcionalidades com os grandes players de IA na nuvem. Seu posicionamento é estratégico: oferecer uma experiência controlada, embutida no sistema, com performance suficiente para o uso do dia a dia e, principalmente, com segurança e privacidade como padrão.
Essa abordagem fortalece a Apple como um ecossistema técnico confiável, especialmente para empresas, governos e setores regulados. Também reforça o conceito de AI First como uma camada estrutural e não apenas uma coleção de recursos de interface.